sábado, 16 de agosto de 2008

Santo Polemista, Batman!

Batman tomando uma surra do Coringa

Não venho em defesa do Batman. Mesmo porque o Batman sabe se cuidar sozinho. Venho, na verdade, fazer a fama e a cama de um tipo de profissional bastante comum: o polemista gratuito.

Não sei quem cunhou o termo, que me parece ser do tipo de expressão que se faz sozinha, sem necessitar de autoria. Mas conheci a definição no blog Paralelos, postagem de André Luiz Mansur. Ao se referir ao escritor Fernando Vallejo, Mansur destrincha a verdadeira identidade do polemista, o homem que após "soltar suas bravatas" volta para si as atenções e ganha as bocas nas bancas de jornais e mesas de botecos, além de garantir os seus trocados no fim do mês.

Parece óbvio, tão óbvio quanto esquivar-se de defender o Batman, que o polemista gratuito adora que falem dele, sempre depois de sua declaração estrondosa. E eu estou aqui para fazer esse papel. Não, Vallejo, essa não é sua vez. Essa é a vez do Coutinho.

Não dá pra afirmar que João Pereira Coutinho - colunista da Folha de São Paulo, caderno Ilustrada, às terças – é, de fato,um polemista gratuito. Acredito que a honra da nomeação só deve ser dada após a comprovação da alta frequência de falas polemistas proferidas pelo tal. E não é o caso de Coutinho. Me deparei, na verdade, com uma coluna oportunista naquela terça-feira, que foi passada de mão em mão até chegar a minha (o que prova que a polêmica gratuita causa furores até nos mais descompromissados indivíduos, fazendo questão de compartilhar com outrem tão abissal colocação).

A coluna intitulada “Adultos em Pijamas” fala sobre o quão o novo filme do Batman (Batman- The Dark Knight) era, simplesmente, ridículo. Baforada no charuto, olhar ao teto, Coutinho profere em papel jornal, letras garrafais: “Se fantasia já é difícil de engolir como fantasia, imaginem apresenta-la como 'documental'”. Um bom polemista espera a hora certa de falar. Coutinho caprichou: a coluna data de 29/07/08, pouco mais de uma semana após o tão aguardado lançamento mundial do filme norte-americano. Na mesma semana em que milhares e milhares e milhares de humanos comentam de cá pra lá, atravessando fronteiras, cruzando países via satélite, publicando em meios impressos e virtuais mensagens determinadas:

a) O quão legal é o novo filme do Batman

b) O quão tecnicamente bem executado é o novo filme do Batman

c) O quão inteligentes são os diálogos e morais afirmadas no novo filme do Batman

Num momento de euforia fulminante (se me permitem o recurso retórico), Coutinho escreve com arrogância, condenando não só o filme, como toda a linhagem de super-heróis.

Não defendo. Ninguém tem vontade de responder seriamente a Allejo sobre Ingrid Betancourt ou sobre qualquer outra bobagem que ele venha a proferir de boca cheia. Não é válido. A polêmica gratuita parece partir de uma premissa quase coringueana. Sua única lógica é a do escândalo.

Descambar mestres como Vallejo e Diogo Mainardi é difícil, sabemos. Mas, vejamos: talvez sobre um canto ao sol para Coutinho.

CARA CAROLINA ,
é webdesigner e estudante
de Artes Plásticas pelo
Unicentro Belas Artes

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