terça-feira, 30 de dezembro de 2008

O Ano Cógnito

terra incognita

Vocês vão ter que nos engolir.

Mas vão gostar.

Assim termina o editorial da 1º edição da revista de ficção científica Terra Incógnita, organizada por Jacques Barcia e Fábio Fernandes e lançada em setembro de 2008. Até agora, são 4 edições que podem ser baixadas gratuitamente (em PDF) no blog. Nomes como Bruce Sterling, Jeffrey Thomas e Charles Stross surgem em entrevistas, contos e artigos. Não faz idéia de quem sejam os caras? Nem mesmo o Sterling? Sem problemas, isto estava na previsão dos ousados editores e só dá mais um motivo para que a revista seja lida. Além dos figurões internacionais, o leitor encontra contos de autores nacionais, alguns bastante inovadores. O que? Leu o conto e não entendeu patavinas? Ótimo. Proferem os editores na 2º edição: A ficção científica no Brasil andou por muito tempo acomodada, dentro de uma zona de conforto crepuscular (uma twilight comfort zone, poderíamos dizer) onde reinaram os contos-clichê, as histórias de viagem no tempo onde alguém sempre viaja para impedir que alguma coisa aconteça, e as velhas histórias de final-surpresa (surpresa que só surpreende quem nunca leu nada do gênero), do tipo ‘e ele era um robô’.

Se isso te pareceu uma espécie de bronca, espere só para ver o próximo: Sim, claro, sabemos que você mostrou um conto a todos os seus amigos, sua namorada, seus pais, seu cachorro e o periquito, e todo mundo disse que era bom. Bem, lamentamos informar, mas Papai Noel e o coelhinho da páscoa não existem. Pois é, leitor incógnito. Se a bronca era direcionada, você acabou levando também. Mas o senhor já é bem grandinho e um bom exercício de interpretação vai te levar além (ou você é o tal cara do periquito?). Páginas e páginas de material literário de qualidade, momentos de diversão e agonia, autores dos quais você nunca ouviu falar mas que são bons pra caramba te aguardam após estes editoriais curtos e grossos. E na 4º Edição, eles nem precisaram dar bronca em ninguém.

Acesse o blog e confira as bordoadas.

Ou, se preferir, baixe diretamente os PDFs aqui:

#01 #02 #03 #04

CARA CAROLINA ,
é webdesigner e estudante
de Artes Plásticas pelo
Unicentro Belas Artes

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

A Não-Crítica

Cadernos de Não-Ficção

A Não Editora sempre a surpreender. Vencedora do 15º Prêmio Açorianos de Literatura na categoria Destaque Editora, a Não lança a publicação on-line Cadernos de Não Ficção. A idéia surgiu com a morte recente de David Foster Wallace, escritor norte-americano. Vendo que havia pouco ou quase nada publicado a respeito de Wallace no Brasil, o editor Xerxenesky resolveu unir forças para publicar um dossiê sobre o autor. Estes textos reunidos somados a outros sobre literatura contemporânea compõem o “volume” de quase 90 páginas. Entre os livros resenhados estão: Meridiano Sangrento, deCormac McCarthy; Fools Crow, de James Welch; e um ensaio caprichado sobre Mãos de Cavalo, de Daniel Galera. O projeto gráfico, como sempre, é de deixar muitos impressos no chinelo.

Sugestão: antes de começar a ler, compre um daqueles velhos protetores de tela, porque você não vai querer desgrudar os olhos das colunas virtuais. Ou imprima (“por sua própria conta e risco”).

Versão em pdf.

Ou se você prefere algo mais mimético...

CARA CAROLINA ,
é webdesigner e estudante
de Artes Plásticas pelo
Unicentro Belas Artes

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Crítica morta e enterrada?

Relato da mesa “As Forma de Crítica” do Seminário Rumos Literatura 2007-2008

O Prof. Samuel Titan, na última das mesas do Seminário Rumos Literatura 2007-2008, revela ter ficado irritado quando soube que o seminário ocorreria em dezembro, próximo das festas de fim de ano, crente que poucas pessoas viriam. Para o feliz engano de Titan, a Sala Itaú Cultural de mais de 200 lugares estava quase lotada.

Não pude frequentar todas as mesas. Para começar, cheguei atrasada em Atualidade de Erich Auerbach e, não sei se pelo meu atraso, pelo meu conhecimento vago ou nulo do autor em questão ou pela tradução simultânea em que as vozes bilíngues se misturam numa suave canção de ninar, esta mesa não foi muito proveitosa. Outra mesa, Atualidade de Machado de Assis (não, nem tudo era sobre a atualidade de alguém, embora fosse até pertinente num seminário que se intitula Rumos) foi deveras proveitosa, mas dizer qualquer coisa sobre ela parece chover no molhado diante da fala exuberante do Prof. João Cezar com seu sotaque londrino-carioca. Resta-me, portanto, falar sobre o doloroso assunto que é a crítica literária no Brasil.

A mesa As Formas da Crítica, mediada por Lourival Holanda, reuniu no palco dois críticos literários de peso: Silviano Santiago, do alto dos seus 70 e poucos anos, e Flora Süsskind. Silviano pontuou sua fala com a imagem do crítico-criador, ou seja, o ficcionista que também é crítico e/ou o crítico que também é ficcionista. Segundo Silviano, o mercado pós-moderno de literatura rejeitara a produção do artista-crítico. Atuar nos dois campos seria um tanto constrangedor de se confessar para um professor, por exemplo, mas não para um médico ou para um jogador de futebol (sutil cutucada em alguns). Pensando depois a respeito, não consegui encontrar nenhum caso de professor-crítico-ficcionista-documentarista-ensaista que fosse marginalizado pelo fato.
Pelo contrário: são fartos os casos de professores famosos (e “queridos”) por terem publicado ficções e ensaios. Talvez Santiago traga mágoas de outras eras...

Flora Sussekind levou a conversa a outros rumos. Comparou ficção e ensaio em termos de forma, definindo a relação entre ambos em três casos: o dobro do idêntico, em que ensaio e forma acabam sendo a mesma coisa; antagonismo de formas; e tensão de campos que não se consuma plenamente. Para cada, qual Flora exemplificou pertinentemente com A Novel of Thank You, de Gertrude Stein, Um teto todo seu, de Virginia Woolf e o conto A tarde de um autor, de Fitzgerald. Caberia aqui uns 5 parágrafos para destrinchar estes exemplos, mas vou pular para chegar logo a parte que nos toca.

As perguntas da platéia vieram com força. Houve, de início, um embate entre os palestrantes sobre a ficcionalização da crítica. Flora teimou em aceitar que de fato havia uma nova forma de crítica, a ficcionalizada que, em contraposição ao bom e velho estruturalismo crítico, estaria vigorando de vento em popa, e “em liberdade”, como citado pelo mediador Lourival Holanda. Outras perguntas vieram e deram a Flora a oportunidade de desvelar toda a sua descrença sobre a crítica nacional atual: haveriam pouquíssimos veículos dedicados a fazer crítica de verdade; toda a pauta destes veículos já seria predada (ou pré-dada, na norma antiga), de forma que é possível adivinhar o que vem a frente antes mesmo de abrir o Caderno 2; os correntes jornais acadêmicos seriam mal diagramados e de conteúdo maçante e doloroso; conteúdo publicado na internet se resumiria a uma “ação entre amigos”, pouco especializada e nem sempre pertinente (ops!). Silviano e Flora ressaltaram ainda que no New York Review of Books e na New Yorker ainda era possível encontrar alguns textos bons. Outras questões foram levantadas e ficaram em aberto: existe ainda algum veículo/crítico capaz de lançar um escritor (a la mode do crítico de arte moderna Greenberg, grã-padrinho da arte moderna norte-americana até a chegada da pop-art)? Prêmios vendem livros? As respostas, obviamente, ficaram para uma próxima reencarnação do tema.

O final de mesas de debate como esta sempre me leva a pensar sobre a coexistência do título inicial e os rumos que a conversa (ou desconversa) levou. Neste caso, fica a impressão de que, se algum dia houve alguma forma de crítica que se dê ao respeito, poucos ficaram vivos pra contar a história.

CARA CAROLINA ,
é webdesigner e estudante
de Artes Plásticas pelo
Unicentro Belas Artes

sábado, 13 de dezembro de 2008

Novo clipe do Metallica é história alternativa com Zumbis...

...Ficção científica e Nostalgia da Gerra Fria. O clipe mistura live-action com efeitos especiais e tem partes em animação. Imperdível, gostando ou não de Metallica (eu, por exemplo, assisti a primeira vez ouvindo outra música).

Para quem quiser conferir no site da Banda (numa qualidade melhor): http://metallica.com/index.asp?item=601688.



LUIZ PIRES,
é webdesigner e estudante
de Artes Plásticas no Unicentro
Belas Artes

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Breve pós-cobertura da 32º Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

O momento já veio e já passou. Mas como a intenção aqui não é simplesmente dar o serviço, vamos ver o que podemos tirar de mais proveitoso da 32º Mostra Internacional de Cinema.

A Mostra, que já está em sua 32º edição, é um momento celebrado por muitos em São Paulo por diversos motivos. Para mim, o primeiro deles é bastante óbvio: por um curto período de tempo, filmes do mundo todo são trazidos para São Paulo. Isso mesmo, do mundo todo. São filmes que nunca chegarão aqui em outro momento e dificilmente você verá circulando novamente. Além destes, há os filmes que estrearão no circuito mais a frente. Para os mais ávidos, esta é a oportunidade de vê-los antes de todo mundo.

Depois de uma maratona de encaixes, filas e mais filas e correrias, consegui ver alguns dos filmes que queria. Destaco primeiramente os que trazem algo que dialoga com alguns interesses do Fabulário e outras minhas: o não-óbvio, fronteiriço, "os mares nunca dantes navegados" (se é que isso pode existir) do fantástico. Vamos a eles:


Fronteira da Alvorada, de Philippe GarrelA Fronteira da Alvorada: o cineasta francês Philippe Garrel faz um filme de muitas faces, em que se destacam as referências à nouvelle vague e ao expressionismo alemão, trazendo também o elemento fantástico. O protagonista François é um fotógrafo que se apaixona por uma atriz com rosto de quase-diva, Carole. O relacionamento dos dois acaba não dando lá muito certo e a mocinha vai parar num manicômio. Após este momento, o filme parece tomar outros rumos. Um tanto perturbado, François se vê de frente a um acontecimento sobrenatural, sofrendo assim de um sentimento Todoroviano:
a hesitação experimentada por um ser que só conhece as leis naturais, face a um acontecimento aparentemente sobrenatural". Interessante observar que, embora peculiares, os momentos fantásticos - que beiram o delírio, mas ao final revelam ao espectador sua autenticidade de forma quase alegórica - encaixam-se perfeitamente num roteiro predominantemente realista.

Palermo Shooting, do diretor Win WendersPalermo Shooting: O mais novo filme do alemão Win Wenders foi apontado pela crítica especializada como sendo também o pior. De Wenders entendo muito pouco, mas de fato os clichês estão lá, a olho nu. Porém, trazer como referência tão direta os filmes Depois daquele Beijo, de Antonini e o Sétimo Selo, de Bergman é algo no mínimo curioso. Mais curioso que isto é o fato deste filme, assim como o Fronteira da Alvorada, ter como protagonista um fotógrafo. Finn - muito bem sucedido na sua carreira internacional no mundo das artes e da moda - após passar por uma experiência de quase-morte, viaja para Palermo, onde passa a ser perseguido por um misterioso atirador de flechas. Em Depois daquele Beijo o protagonista do filme é um fotógrafo e a fotografia, a "essência do trabalho" nas palavras de Wenders, é o assunto. Em O Sétimo Selo, o protagonista joga xadrez com a morte, que mesmo perdendo o jogo, continua a persegui-lo. Segundo Wenders, a preocupação com a passagem do tempo, a chegada da velhice e, conseqüentemente, o encontro com a morte é o maior tabu no cinema e que talvez, pela temática "ofensiva", o filme tenha sido tão criticado em Cannes. O encontro do protagonista com a morte é um tanto didático, mas representa também um claro acerto de contas.

Duska, de Jos StelingDuska: Jos Steling é conhecido por trazer a tona personagens atípicos, silenciosos, à parte do mundo, como em O Holandês Voador. Neste, o diretor holandês nos faz enfrentar o irritante Duska, um homem atrapalhado (e folgado) que só vem empacar a vida de outro homem (também um tanto atrapalhado), crítico de cinema solitário. Duska é um personagem que está no território do estranho. As ações e escolhas dele e de seu anfitrião (Duska se instala na casa do pobre crítico) não podem ser explicadas pela lógica comum. Não chegam a beirar o absurdo, mas ainda estão longe do real. O filme se move nos silêncios. E o final é esquisitíssimo. Conclusão: se houver a oportunidade de ver, não perca.

Festa da Menina Morta, estréia de Mateus Nachtergaele na direçãoA Festa da Menina Morta: o filme marca a estréia como diretor e roteirista do brasileiro Matheus Nachtergaele, já reconhecido ator de teatro e cinema. Numa comunidade ribeirinha do Amazonas ocorre a Festa da Menina Morta, evento religioso que relembra um suposto milagre ocorrido à 20 anos atrás com o protagonista Santinho. Esta história, porém, se revela aos poucos e não chega a se completar com clareza. O filme segue cercado nesta atmosfera de crendice e certo naturalismo exacerbado, até que a fronteira entre o real, a alucinação e o fantástico se nubla num dos momentos mais ricos do filme. Longe de ser uma crítica a religiosidade brasileira, o filme fica na fronteira entre o retrato fiel e o olhar direcionado. Como jé era esperado, confrontos morais e ousadia no uso da linguagem do cinema pedem um espectador atento, sem pressa - e nem vontade - de chegar a vereditos.


Vi outros filmes especialmente bons nesta mostra que também valem ser lembrados:

Vicky Cristina Barcelona, o acerto de Woody AllenVicky Christina Barcelona: novo filme de Woody Allen conta (literalmente) a história de duas amigas que vão tirar férias em Barcelona. Lá conhecem um clássico latino caliente que, por alguns instantes, parece mudar os rumos da vida de ambas, embora a entonação de voz de um narrador oculto permaneça igualmente sóbria e indiferente. O filme tem um sintonia finíssima e mostra que depois dos insossos Macht Point e Scoop, Woody Allen chegou lá.

Cinzas do Passado Redux, de Wong Kar WayCinzas do Passado Redux: filme remontado, refinalizado graficamente e reduzido do original de 1995 de Wong Kar-Wai. Com enredo fragmentado e intrincado, o filme narra um ano da vida de um misterioso espadachim que vai morar no deserto após a mulher que ele amava ter se casado com seu irmão. Outros personagens igualmente misteriosos vão se somando à história, tendo sempre como ponto em comum alguma relação com este primeiro personagem: um homem e uma mulher que dividem um mesmo corpo; um espadachim quase cego que deseja voltar a sua terra natal; um homem que, após tomar um vinho mágico, perde a memória. Ao desenrolar da história, as peças vão se encaixando e o espectador percebe que o enredo, aparentemente simples, possui muitas faces e arestas.

CARA CAROLINA ,
é webdesigner e estudante
de Artes Plásticas pelo
Unicentro Belas Artes

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

1º Dia 3ª Mostra curta Fantástico



A 3ª Mostra de Curta Fantásticos começou ontem, Terça dia 11.
E eu estava lá prestigiando a iniciativa, representando o Fabulário e claro aproveitando o fim de terça com a promessa de uma ótima programação.

Para ser mais exato, já que o evento esta acontecendo simultaneamente em 6 lugares diferentes, estava eu no Centro Cultural São Paulo (ao lado da estação Vergueiro de Metro), para ver a Mostra competitiva I e II.

Era 18h quando as portas da sala Lima Barreto foram abertas. A frente do público, Eduardo Santana e Vivi Amaral, organizadores do evento, seguidos pela equipe de reportagens da globo guiaram a fila até a sala.
Estavam lá também o pessoal da Recurso Zero produções para a estréia do curta O Assassinato da Mulher Mental no festival. (que tirou boas risadas do público)
Naquela agitação toda só deu pra dizer um oi para a Vivi e fui em busca de um bom lugar para sentar. (a conversa e a apresentação vão ter que ficar pra outro dia infelizmente) .
A sessão estava com um bom público, levando em conta que era apenas seis horas de uma terça-feira em uma cidade que a maioria das pessoas está trabalhando ou estudando nesse horário.

Diversidade, qualidade são ótimas palavras descrever a seqüência de curtas da Competitiva I e II, filmes bem produzidos e bons roteiros em abordagens bem interessantes dos gêneros do fantástico.
Após a apresentação d'O Assassinato da Mulher Mental, a sessão foi interrompida para Márcio Canuto, repórter da TV Globo, entrevistar a platéia. Perguntando a nota para o filme e para o festival. Quem viu o SPTV me diga se eu estava bem na filmagem!! (rs)

A segunda Mostra Competitiva as 20h, estava com um público levemente menor, com alguns probleminhas técnicos na passagem dos curtas. Algo bem comum nessa pós-modernidade, não é?
A qualidade dos curtas não deixou a desejar, superou minhas expectativas. Animações divertidas, contos de horror, humor descontraído e irônico.

Para quem não teve a chance de ver, eu recomendo, ainda dá tempo!

A mostra Competitiva I tem mais duas exibições :
CCBB - Quinta, dia 13 - 15h30
CCSP - Sábado, dia 15 - 20h

Mostra competitiva II
CCBB- quinta, dia 13 - 17h30
CCSP - Sábado, dia 15 - 18h
Cinefavela - Sexta, dia 14 - 16h

Lembrando que a entrada é franca a todos!
Mais informações: http://www.cinefantastico.com.br/


Diogo Nogueira
é Designer Gráfico
e ilustrador, estudante
de Artes Pláticas no
Unicentro Belas Artes

terça-feira, 11 de novembro de 2008

3º Mostra Curta Fantástico

Sim, ela voltou! Agora muito mais próxima de nós (veja como era longe: parte 1| parte 2), paulistanos, a Mostra de Curta Fantástico começa hoje. Os números impressionam e o acesso não poderia ser mais fácil: mais de 150 filmes serão exibidos durante toda a mostra em locais como Centro Cultural Banco do Brasil (próximo ao metrô Sé e São Bento, cuja sala simpática costuma abrigar ótimas mostras) e Centro Cultural São Paulo (do lado do metrô Vergueiro), entre outros.

Esta generosa seleção estará dividida em duas categorias: Mostra Competitiva e Programação Especial. Na primeira, 52 curtas-metragens concorrem a prêmios. Como na mostra do ano passado, os espectadores podem votar nos filmes de cada sessão. Ao final, o curta mais bem cotado recebe o prêmio do Júri Popular. Já na Programação Especial, são exibidos curtas e longas que exploram as diversas faces do gênero fantástico. É nesta categoria que são exibidos filmes vindos de festivais como FANTASPOA, RIOFAN e ROJO SANGRE (Buenos Aires), já citados aqui por esta humilde blogueira de festivais à distância que vos fala.

O Assassinato da Mulher MentalCena de O Assassinato da Mulher Mental, novo curta do Diretor Joel Caetano e da Recurso Zero Produções. Eles já nos deram uma boa surpresa no ano passado com seu Julho Sangrento - apostamos neste novo curta que estréia hoje, dia 11: não perca!

A coisa não pára por aí. Além da farta programação, serão oferecidas atividades todos os dias na Casa das Rosas (perto do metrô Brigadeiro, na Av. Paulista) como oficinas, mesas de debate e workshops, iniciativa muito bem vinda da organização do evento que, como o Fantasticon e o Invisibilidades, colabora para a formação de um público ativo para o fantástico.

Todas as exibições de filmes e atividade são gratuitas. Confira a programação completa no site (www.cinefantastico.com.br/) e monte sua agenda.


LUIZ PIRES e CARA CAROLINA,
são webdesigners e estudantes
de Artes Plásticas no Unicentro
Belas Artes (é, os dois são)

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Invisíveis porque querem (parte 2)

Antes de mais nada, gostaria de pedir desculpas pela sumiço geral. Já deve ter passado quase um mês e devo admitir que será um exercício de memória continuar a falar do Invisibilidades, 2° evento de ficção científica promovido pelo Itaú Cultural.

Mesa 2
Mercado Editorial

Com Ana Cris Rodrigues (clfc), Samir Machado de Machado (não), Ednei Procópio (giz), Richard Diegues (tarja) e Jaques Barcia (terraincognita).
Moderação: Sílvio Alexandre (www.universofantastico.com.br )

Edinei ProcópioEdinei, pulso firme e números 'de cabeça'

Fábio Fernandes, curador desta edição do evento, deve ter se realizado quando formou essa mesa. Já há tempos, como pudemos verificar no Fantasticon e nas entrelinhas de postagens em seu Blog, Fábio vem defendendo a idéia da WEB como terreno tão válido para a publicação quanto a mídia impressa. Além de tradutor de livros em papel (de clássicos como "O Homem do Castelo Alto") ele encabeça hoje dois projetos de revistas online com seu parceiro Jaques Barcia: Terra Incógnita e Kalíopes (disponível no site do CLFC). As duas com a pretensão de fazer barulho no cenário da FC nacional e chamar atenção para o que está sendo produzido lá fora.

PAPEL x WEB

Foi assim: Ana Cris, atual presidente do CLFC, e Jaques Barcia - ambos editores de publicações online - defenderam com romantismo a migração dos escritos para a Web, a publicação de textos, revistas, contos e o que mais for na internet. Associaram isto à divulgação maciça, maior visibilidade, mais leituras do material disponibilizado desta forma.

Edinei Procópio e Richard Diegues, editores respectivamente da Giz e da Tarja, se mostraram muito mais abertos e realistas. Reconhecem e acreditam no potencial da internet, mas não desmerecem a boa e velha mídia impressa. Já o Samir, da Não Editora... o negócio dele ainda é papel (mas não descartou nada).

6 MIL DOWNLOADS
Um argumento fraquinho usado no debate foi a quantidade de Downloads em comparação com a quantidade da tiragem de um material impresso. Ana Cris, que está entre trancos e barrancos tocando a digitalização do CLFC, disse que 3 autores convidados a publicar seu material na Somnium recusaram pois preferiram fazê-lo em um veículo impresso.

Ela deu uma leve debochada da atitude comparando a tiragem de 300 exemplares (pouco inferior, diga-se de passagem, à tiragem do Fabulário #1) aos 6.000 downloads da revista BlackRocket. Oras... 6mil exemplares vendidos, por exemplo, seria realmente algo a se admirar, não é? Mas 6mil downloads? Será que é grande coisa mesmo esse número de 6mil downloads? (Não me refiro à revista, ela é sim, muito boa e muito bem feita!)

Donwload não significa também que o material tenha sido lido não é? Ok... essa discussãozinha não é nada produtiva, oras... mas serve para tomarmos mais cuidado com a numerologia empregada neste ou naquele discurso.

Sílvio Alexandre e Ana Christina RodriguesSílvio Alexandre e Ana Cris Rodrigues

NUMEROLOGIA
Por falar em numerologia: Sílvio Alexandre surpeendeu na mediação, levando as perguntas anotadinhas, com dados específicos, numéricos, para colocar em debate. Só surpreendeu mais mesmo Edinei Procópio que, quem diria, apresentou números de cabeça, de institutos de pesquisa diferenciados.

Aliás, Edinei e Richard, respectivamente editores da Giz e da Tarja, pareceram realmente muito preparados, muito inteligentes, muitos "antenados". Se fosse para julgar a publicação dessas editoras pela credibilidade que seus editores conseguiram passar nesta ocasião, poderíamos sair comprando todos os livros. Mas, infelizmente, não é assim.

Se o discurso de Ana Cris e Jaques Barcia foi pautado pela qualidade literária, pela contribuição ao gênero e refinamento dos materiais, ficou a impressão (para algumas pessoas no público que conversaram comigo depois, eu realmente não senti isso na hora) que o discurso dos dois editores "impressos" estava pautado apenas por um critério muito duvidoso de "vendabilidade".

Bem... se podemos conferir o material editado por Jaques e Ana Cris na web, gratuitamente, para averiguar o material da Giz e da Tarja não adianta numerologia ou outras formas, místicas ou não, de especulação: resta ir às livrarias (ou pedir pela internet, que é mais garantido).

Richard Diegues e Edinei Procópio

ENQUANTO ISSO...
Às vezes a gente pode ter a impressão que o movimento na literatura fantástica brasileira se dá geograficamente no eixo Rio-São Paulo (ou no Sudeste) e no Nordeste. Quando fazemos isso, é bastante saudável considerar ingenuidade de nossa parte.

Samir Machado de MachadoSamir Machado de Machado, editor da Não e organizador do Ficção de Polpa
A Não Editora é uma editora independente de Porto Alegre, já velha conhecida do pessoal aqui do Fabulário, e que chamou a atenção da comunidade de ficção científica antes mesmo de existir, com a coletânea Ficção de Polpa. Explico: na época, o lançamento da primeira coletânea foi realizado pela editora Fósforo. (mais detalhes no site das editoras).

Samir Machado de Machado, um dos editores da Não e organizador das coletâneas de "literatura especulativa" Ficção de Polpa, veio para enriquecer a mesa. O discurso dele soa bastante distinto do que ouvimos dos demais editores presentes (online ou não) e do discurso que costumamos ouvir vindo dos dois outros "eixos" ("Nordeste" e "Sudeste", se é que eles existem assim, enquanto eixos).

Ele não se preocupa em separar "mainstream" de "literatura de gênero", não aponta dados desmotivadores da recepção do público, entre muitas outras coisas que prometem, a longo ou a imediato prazo (afinal, você já pode pedir os livros deles pela livraria cultura) um novo fôlego para a literatura fantástica nacional! (Ao menos, para uma delas).

DUAS FICÇÕES DE POLPA, NÃO UMA!
Esse detalhe me chamou a atenção. Quase não falei dele, mas Samir Machado de Machado, um dos editores da Não e organizador das coletâneas Ficção de Polpa estava presente. Como sempre, ele deu seu parecer (lúcido parecer) de quem está de fora do gueto, com visão geral e abrangente.

Em dado momento, Ana Cris falou com alegria do artigo publicado por ela (juntamente com Alexander Lancaster) na Scarium #19: disse que estava falando da mesma coisa que a antologia que veio depois (e sem conhecimento prévio um do outro, vale ressaltar) organizada pelo Samir. Ora! Eu li os dois materiais e tive contato com a conceituação de ambos...

Se há algo que eu posso dizer a respeito é que não, não é a mesma coisa. Samir Machado de Machado e Ana Cris Rodrigues não estavam falando da mesma coisa. Mas isso é assunto para um artigo à parte.

LÁ FORA E AQUI DENTRO
No discurso do Jaques Barcia (e do parceiro e curador, Fábio Fernandes, também) a gente houve algo que pode parecer às vezes um certo culto ao exterior, ao que é produzido lá fora. Bem... a impressão que os dá (digo impressão por que não li nossos contemporâneos estrangeiros ainda, então só tenho discursos de terceiros para me apoiar)... a impressão que dá é de que os americanos estão lá na vanguarda da Ficção Científica.

Fábio e Jaques não escondem nem um pouco a opinião de que deveríamos nos contaminar com a literatura e o espírito desses escritores (que são além de americanos, franceses, russos, romenos ou de onde quer que sejam afinal)... e, afinal, quem poderia ser contra eles nesta opinião? Mas, junto a isso, parecem levantar discretamente a bandeira de que esta é uma obrigação dos leitores/escritores de ficção científica que devem ler os textos em inglês, importar os livros via amazon.com e buscar contos e copylefts na web.

Não é assim a atitude mais mediadora que poderíamos esperar, é verdade, mas os dois também não estão lá fazendo só o gênero reclamão e questionador: é possível conferir que estão indo além disso logo na Terra Incógnita #1, trazendo ao conhecimento do público brasileiro novos autores.

Às pessoas, como eu, que não dominam o inglês a ponto de destrinchar os romances de 300 páginas que são produzidos no exterior, só nos resta esperar a facilidade de pequenos contos traduzidos, entrevistas e quem sabe, uma ou outra indicação, no futuro, vinda de um tradutor de confiança de alguma editora interessada em ficção científica para que traduzam, de repente, um Perdido Street Station tão breve quanto possível....
Jaques BarciaJaques Barcia

CONVERGÊNCIA, OTIMISMO E COBRANÇA

Três coisas ficaram claras no debate:

1) Há sim um crescimento dos gêneros fantásticos, no Brasil, nos últimos tempos (ainda vamos descobrir no que isso vai dar);

2) Parece haver uma tendência, ao menos no discurso da mesa, de liquefação (êêêê) nos limites destes gêneros, seja entre si, seja com aquilo que está "fora do gênero";

3) A mesa, muito sabiamente, cobrou qualidade dos escritores presentes. E acredite, um grande filão do público era composto por escritores ou pretensos escritores. Muito bem feita a cobrança, diga-se de passagem (e particularmente, bastante refinada no discurso do Jaques).

CONCLUSÕES
Este debate foi menos polêmico e mais produtivo que o anterior. A Mediação de Sílvio Alexandre ajudou muito para manter o nível e o preparo, conhecimento do terreno e diversidade de opiniões engrandeceu a mesa.

Nota dez para o Fábio, que parece ter captado as energias certas para a elaboração desta mesa!

Ah! E para aqueles que ficaram achando que "foi dito o mesmo de sempre, o que sempre dizem"... talvez não tenha sido acrescentado muito tempero ao caldo desta discussão, nada foi "repetido" inutilmente.


LUIZ PIRES,
é webdesigner e estudante
de Artes Plásticas no Unicentro
Belas Artes

domingo, 21 de setembro de 2008

Invisíveis porque querem (parte 1)

Acabo de voltar do evento Invisibilidades, do itaú cultural. Rapidamente, vou tentar dar um parecer sobre a primeira das mesas que aconteceram lá ontem (afinal, já passa da meia noite, então é ontem). A segunda mesa fica para uma próxima postagem.

Mesa 1:
Por uma Ficção Científica pós Moderna

Mediação de Gerson Lodi-Ribeiro. Com Max Mallmann, Antônio Xerxenesky, Octávio Aragão, Nelson de Oliveira

Gerson Lodi-Ribeiro
A Não-Mediação
Gerson Lodi-Ribeiro pode ser uma referência para a literatura de ficção científica brasileira (e de história alternativa como ele faz questão de lembrar em todas as ocasiões). Mas isso não foi importante para este debate: cá entre nós, ele não foi igualmente feliz como mediador dessa discussão. Contribuiu mais, a meu ver, como participante do debate.

Autoridade
Max MallmannHá um problema recorrente nas reuniões do Fabulário que é a falta de autoridade sobre determinado assunto, ou melhor: há um ou outro assunto no qual todos querem dar uma de "autoridade sobre o assunto". Com o tempo vamos superando esse problema e aprendendo a entender nosso lugar junto às coisas, afinal, nos reunimos bastante. Esse problema fica especialmente engraçado, ou curioso, quando é visto em um evento do porte do Invisibilidades. (Salvam-se da acusação Antônio Xerxenesky e Max Mallmann, que mandaram bem no quesito "meu espaço".)

Octávio AragãoPós-Hein!?
Há muitas teorias sobre a pós modernidade. A minha teoria preferida é a que chama a pós modernidade de modernidade líquida. Liquefazer é um verbo excepcional, na minha opinião, podemos usá-lo para falar de muita coisa do nosso tempo - e coisas boas. Eu não sei particularmente o que o Octávio Aragão entende por pós-moderno (parece que ele nunca deixa muito claro qual é a referêcnia dele, mas não tenho certeza quanto a isso), mas ele parece levar isso muito a sério mesmo, quase uma obsessão no percurso discursivo (não é a primeira vez!). Os outros componentes da mesa, menos fanáticos ou exaltados, também deram sua contribuição. Mas como sempre, tudo que é pós moderno se desmancha no ar, e ficamos como começamos...

Inovação?
Em um certo momento, o Octávio falou de inovação, que tem que inovar na literatura. Deu a impressão até que é para isso que existe essa tal pós-modernidade (hihi!). Acho que é de Adorno a frase "não existe o novo, o que existe é o desejo do novo" (e devo esta afirmação a Evandro Carlos Jardim). Nada poderia ser mais moderno que ess coisa de inovar, não é? Na minha opinião: liquefaçam.

Antônio Xerxenesky

O rótulo que te pariu
Tem algo que eu provavelmente nunca vou entender que é esse fetiche pelo rótulo (falaram tanto sobre fetiche pelo papel hoje na mesa seguinte, deviam ter dito algo sobre esse fetiche louco pelo rótulo). Funciona assim: algumas pessoas tem um desejo insano de ser chamado de Ficção Científica. Ou pior: de chamar isso ou aquilo de ficção científica. Ainda pior: de ficar discutindo, muito praticamente, se Moby Dick ou Saramago são ficção científica. Às vezes é só um recurso retórico, que varia do divertido: "Moby Dick é branca, é grande e nada mata ela! Só pode ser mutante" - fala do Octávio. Para o insensato: "Um escritor de ficção científica não ganha um Nobel. Se o Saramago escrever algo de ficção científica ele não vai mais ser o Saramago" (sic) - não lembro o autor. Bem insensato se considerarmos o diálogo que existe entre o recentemente adaptado para o cinema Ensaio Sobre a Cegueira e a FC.
E claro, completamente insensato se considerarmos que a ganhadora do Nobel 2007 de literatura foi a Doris Lessing, que tem uma grande parte de seu trabalho desenvolvido na ficção científica. Ainda que não tenha sido exatamente por este mérito.
O que quer dizer então um sujeito que usa essa argumentação?

Nelson de OliveiraO Nelson de Oliveira quer escrever ficção científica como um manifesto anti-literatura convencional. Aí batata: o sujeito se agarra num sub-gênero muito "mal visto" pela "elite arrogante dos narizes-empinados" (palavras minhas, ele não disse nada disso) com a intenção de aprofundar-se no enredo. Beleza: pitoresco e exótico, perfeito!

Já o Xerxenesky foi praticamente caçoado quando disse que não achava que o livro dele era ficção científica. A fome por rotular é tão intensa que os rotuladores nem se preocuparam com detalhes. Minha impressão é que soou mal ao público. Ao menos, soou mal a mim.

O Max Mallmann, único na mesa que eu ainda não conhecia, pareceu também bastante sossegado a respeito. Já o Octávio nem se fala, pareceu febrilmente atacado pelo fetiche do rótulo.

Será que não seria, nessa altura tão "pós-moderna" do campeonato se preocupar menos com esse ou aquele rótulo internacional e simplesmente priduzir literatura de qualidade? Será que o Saramago tivesse se preocupado enormemente em fazer "ficção científica" ele teria ganho o nobel e sido adaptado pelo Meireles (e olha que essas duas coisas são as mais "fichinhas" e superficiais, heim!)? O que será que se ganha com esse esforço de rotulação?

Liquefaçam, por favor
Os pontos altos da palestra foram uma ou outra reinvenção da roda (pode-se falar em FC no Basil sem isso? eu acho que sim, né, mas vamos ver...) e a batalha fanfic X startreck. Alfinetadas ressentidas para tudo quanto é lado. Bom... é assim, né? Fazer o quê? Saí de lá meio lamentoso, é verdade: até quando a patota vai resistir tão sólida como está?

EM OFF
Fabulário

Em off, realizamos duas reuniões do Fabulário: uma antes do evento, sobre o fanzine, e outros projetos, e outra depois do evento (não resistimos a sentar em um restaurante e conversar um pouco com as pessoas que conhecemos e as que não víamos com frequência). Essa segunda girou em torno de literatura, cinema e rpg de terror, do escritor Chuck Palaniuk, de um conto do Carlos Orsi (do qual temos falado bastante) e de impressões dispersas sobre o Invisibilidades.
Fabulário mais amigos

O evento contou com apresentação elegante (ponto para o Fábio que se mostrou um gentleman e, lógico, para o itaú cultural, um dos meus espaços preferidos de arte e cultura na cidade) e cenografia, além de microfones de lapela (que fazem uma grande diferença), ou seja, infraestrutura de primeira. Claro: não foi na sala vermelha nem teve comes e bebes. O espaço utilizado é a "garagem" (brincadeira gente) do itaú cultural, geralmente destinado a teatro e shows onde já vimos Jaraguá Mulungu, Vestido de Noiva pelo Satyros, entre outros.

Vale, e muito, falar de um fanzine que a gente recebeu antes do evento, feito por um pessoal de Santa Maria - RS. Overclock. Fanzine de cultura cyberpunk (música, cybercultura, cinema, hq - embora não tenha nenhuma - ficção científica). O material é muito bonito, com belas imagens e muito bem diagramado. Nesse pequeno tempo ainda não deu para ler muita coisa, mas o material é bom, garantimos: traduções do fanzine de Bruce Sterling (dos anos 80) texto de Bráulio Tavares e outras coisas finas. Lembrando: a diagramação é jeitosa e bonita, muito diferente da grande maioria de fanzines impressos ou virtuais.

Em geral, como sempre, cada um tem suas opiniões, bem divergentes, sobre o evento. Essa postagem é uma forma de expor a minha visão sobre ele e não reflete a opinião do grupo.

Seguirei com meus relatos, mais ou menos demorados, aos longo dos dias, como fiz com o Fantasticon. Espero que apreciem.


LUIZ PIRES,
é webdesigner e estudante
de Artes Plásticas no Unicentro
Belas Artes

domingo, 14 de setembro de 2008

Feliz Aniversário! (superpost)

Setembro é um mês simbólico para o Fabulário. No dia 03, nosso Blog fez aniversário. De uma certa maneira, isso é um marco para os mais de dois anos de reuniões e trabalho.

Nossos membros e amigos falam de sua experiência e expectativas em relação ao grupo.

Inspirada pelo Homem do Castelo Alto (Philip K Dick) decidi perguntar ao I CHING (Livro das Mutações - Oráculo Chinês) sobre o futuro do Fabulário... Eis a resposta:

A Sentença:
Ku indica grande progresso e sucesso ao que souber agir como deve. Haverá vantagens em esforços, tais como atravessar o Grande Caudal. Deverá, entretanto, ponderar bem os fatos, muito antes de chegar à Encruzilhada, e ponderar bem os fatos, por bastante tempo, depois da Encruzilhada.

Queda
Destruição, grande força, reconstrução.
E quanto à interpretação da resposta: 'Devemos ter em mente que as interpretações e análises são ao mesmo tempo subjetivas, poéticas, filosóficas e intuitivas; deve ser assim consideradas pelo Consulente, que deve dar asas à sua imaginação e intuição, para interpretar e aplicar as Revelações Oraculares a seu Universo Íntimo.'
Deixo a todos que lerem a Sentença a missão de desvendar a mensagem e o prazer de voar e criar nesse meio místico.

Pra mim, a mensagem vem como um bom prenúncio, e desejo ao Fabulário um futuro milenar!

— JoJo-Joy

Pra falar a verdade, relutei para entrar no grupo. Primeiro porque sempre detestei trabalhar em grupo. Segundo porque no início as reuniões ocorriam de madrugada, e eu como pessoa naturalmente diurna (daquelas que dormem em festas) não me sentia muito predisposta a varar noites semi-acordada. Terceiro porque acreditava que não poderia dar ao grupo tudo que ele necessitava: tempo, empenho, atenção.

Muita coisa mudou. Aprendi a gostar de trabalhar em grupo e descobri a diferença essencial entre grupo e coletivo: um trabalho coletivo reúne pessoas com interesses em comum e vontade de realizar coisas, sejam discussões, sites, palestras, oficinas, peças de teatro. Um coletivo contempla trabalhos individuais, questionando, criticando e melhorando a produção de cada um. Também promove trabalhos feitos por todos, trabalhos em que a opinião e a mão de obra dos membros são fundamentais.

Quantos aos outros dois tópicos, as reuniões se tornaram diurnas (ainda bem!) e o Fabulário, meio que sem querer, ganhou parte do meu tempo, muito de meu empenho e de minha atenção. Não há como terminar sem desejar que o Fabulário faça muitos mais aniversários.

— Cara Carolina

Não faz muito tempo, fui convidado por dois bons amigos a dar uns “pitacos” em uma tal “produção independente de literatura fantástica”. Relutante em aderir a mais um projeto difícil, fui seduzido pelo potencial que senti ao ter em mãos a primeira edição do “Fabulário”.

E então de lá pra cá, muita coisa aconteceu, nossas vontades e ações foram crescendo, e resultando em projetos que antes não imaginávamos.Com a força do grupo, crescemos através de erros, acertos, criticas, conselhos, discussões e muitas risadas.

O aniversário do blog é apenas uma pequena data para configurar algo que não tem medida. Apenas uma placa sinalizando que estamos seguindo um bom caminho. Sem atalhos, com direito a retornos e revisão de rotas, mas certos de seguir em frente.

— Diogo Nógue

Já faz algum tempo em que três de nós tiveram, em alguma madrugada aí, a idéia vaga de um grupo que discutisse e escrevesse literatura fantástica. Talvez por causa do sono que todos estavam no dia. Só sei que muita coisa mudou desde o tempo em que nós ficávamos discutindo até o fim da noite, muitas vezes sem sair do lugar e muitas sem mesmo precisar fazer isso.

Não sei o que mudou para melhor ou pior, mas a certeza é a de que no mínimo não estagnamos. Reuniões, Zine, Blog, apoios... Se não sei exatamente para onde vamos , é bom saber que pelo menos estamos indo!

— Tadeu Andrade

A primeira vez que um grupo foi reunido entre alguns de nós em torno do tema foi em novembro de 2005. As mensagens em nossa primeira lista de discussão pipocaram até 17 de fevereiro de 2006. Não deu muito certo naquela época, é verdade, mas plantou uma semente para o futuro.

Exatamente um ano depois (18 fev) eu "reinaugurei" nossa lista de discussão, motivado pelas reuniões que começamos a fazer nas madrugadas de domingo, em um apartamento na Parada Inglesa. Dessa vez foi de verdade.

As discussões iniciais nos levaram a pesquisas e as pesquisas a propostas. O Fanzine, que a princípio foi uma sugestão simples, ganhou vigor - e nos motivou também a criar este Blog.

Algumas pessoas se afastaram pelo tempo ou desinteresse. Mas muita coisa bacana aconteceu e novas pessoas se aproximaram. Escrevemos, desenhamos, fizemos 3 fanzines, estivemos em muitos eventos, entrevistamos, viajamos (Ilha Comprida, Paraty...), os Fanzines Viajaram (Goiás, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Protugal, Texas...), fotografamos, discutimos, brigamos, nos entendemos, lemos muita coisa (uns mais, outros menos), conhecemos muita coisa nova e muita gente. É impossível mensurar todas as conquistas... com essas já dá para ter uma idéia.

Nessa ocasião simbólica de aniversário de 1 ano do Blog, eu queria agradecer a todas as pessoas que estiveram ao nosso lado, agradecer imensamente. Todos as pessoas que de alguma forma estiveram com a gente nesse tempo, presencial ou virtualmente, sabendo ou não que estavam conosco. De Franz Kafka à mocinha que nos ajudou no B_arco. Obrigado a todos! Sem vocês nossas conquistas não seriam possíveis.

Deixo um agradecimento especial para nosso membros mais distantes: Pedro Rebucci, Rodrigo Canale, L R Fernandes, Eduardo Geber. As portas sempre estarão abertas para vocês, com uma cerveja gelada na geladeira se for o caso!

— luiz falcão

A verdadeira história do Fabulário é o que venho expor neste post de aniversário. (Eu sou do tipo que sempre dá parabéns atrasado) Eis: Um dia, quando os titãs ainda punham seus pés sobre o solo, alguns Deuses da floresta comemoravam o qüinquagésimo sexto dia do ano em uma grande festa - no dia anterior haviam comemorado o qüinquagésimo quinto dia do ano.

— Rato

Mário de Andrade dizia que cada poema tem uma gota de sangue e, se analisarmos bem, tudo que nós produzimos tem uma gota de sangue. Ao contrário do artista, o sangue não significa simplesmente uma parte da vida que se esvai e fica, mas a completude da eterna significação que nós damos a esse mundo.

Nunca a expressão "dar a vida" foi tão significante para mim!

Ao observar esse grupo, é eminente argüir sua aspiração: nascidos para dar mais vida a esse mundo sublunar, eles conseguem galgar muito além desses objetivos. Andando e dialogando com as estrelas, sem nem ao menos perder o rumo do chão, eles cresceram... se fortaleceram... e lançaram seu zine. Agora, chegaram, ao fecundo momento de grande celebração. Já passou-se um ano? Um ano indubitavelmente fértil, onde muito foi aprendido.

(...)

Mais do que um aprendizado, vocês engendraram algo mais profundo: o (re)conhecimento... o (re)conhecimento desses pequenos cortes de pompa da realidade chamado ficção.

Bom, essa é minha homenagem e relato.

Parabéns, boa sorte e bom trabalho.

Muy Atenciosamente,

— Du Geber
Graduando de História pela Universiade Federal de Ouro Preto e Editor da Revista Eletrônica Caderno de História


Paula Betereli, Daniel Falcão, Joyce Nicioli, Tadeu Andrade, RAfael Castro e Diogo Nogeira,
São os membros do Fabulário e agradecem

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Fabulário no Vocabulário

Ainda em São Paulo, o pessoal da Não Editora enfrentou novamente a garoa (pode parecer perseguição, mas foi só ironia do destino) para comparacer ao Vocabulário, evento literário promovido pelo Centro Cultural o B_arco com - http://www.obarco.com.br/ sempre em bad gateway, mas existe- (des)apresentação dos malucos Chacal, Marcelino Freire, Marcelo Montenegro e Paulo Scott. Na sua segunda edição, o Vocabulário reúne escritores e poetas de todas as cores e formas para leituras, declamações, cantos, improvisações, performances e divulgação de seus trabalhos.

Reginaldo Pujol levou todos a altas gargalhadas com a leitura de um conto do seu livro Azar do Personagem. Da Não, participaram também Samir Machado de Machado, com uma não-apresentação da Não Editora; Rodrigo Rosp, falando um pouco da editora e do livro A Virgem que não conhecia Picasso; Antonio Xerxenesky, lendo um trecho de Areia nos Dentes; e Guilherme Smee, que não falou nada, mas foi elogiado pelo belo sorriso.

Fomos no evento inicialmente para prestigiar e conversar um pouco com os amigos da Não Editora, mas tivemos também a oportunidade de ver outras apresentações interessantes de nomes já conhecidos e de pessoal novo. Muitas até: não dá para comentá-las todas aqui. Feliz ou infelizmente (não temos como saber, afinal), tivemos que deixar a casa antes do final.

Avaliação positiva! Confira fotos:


A entrada d'o B_arco, que conta com diversos espaços como café, galeria, teatro, livings e tudo o mais!


Exposição do trabalho de Marcus Vinícius, na Galeria Virgílio (que funciona junto ao B_arco) Essas pessoas da foto? Não conhecemos.


O "stand" da Não editora, que consistia em uma mesa, um guarda-chuva, livros e camisetas


Também com "stand", os maloqueiristas" da Não Funciona


Autografando, Antônio Xerxenesky, que nos presenteou com seu livro Areia nos Dentes. Ao fundo, obra de Sílvia Velludo. Antônio também revelou seus dotes artísticos ao rabiscar um "Chtullu feliz", ao lado da assinatura.


LUIZ PIRES e CARA CAROLINA,
são webdesigners e estudantes
de Artes Plásticas no Unicentro
Belas Artes (é, os dois são)